I. ASPECTOS GERAIS:
Qualquer organização social, desde os primórdios,
apresenta uma estruturação social definida, assim como,
uma relação de trabalho predominante. Assim, pensar
historicamente a questão do trabalho é pensar como a
atividade humana se desenvolveu e se organizou em
diferentes sociedades. Antes de analisarmos algumas
situações e formas de trabalho, é necessário que se
responda à algumas perguntas: Para que existe o
trabalho? e quem " inventou" o trabalho?
A primeira questão,
poder-se-ia responder,
afirmando, que o trabalho é a
maneira como o homem se
relaciona com a natureza,
produzindo a partir daí algum
tipo de riqueza. Podemos
afirmar o mais genericamente
possível, que o trabalho existe
para satisfazer as necessidades
humanas, desde as mais simples, como as de alimento e
abrigo, até as mais complexas como as de lazer e de
crença; enfim, necessidade físicas e espirituais. Ainda, o
trabalho é uma criação do ser humano para atender suas
contingências mais amplas. De maneira geral, podemos
afirmar que existem três paradigmas historicamente
construídos, quais sejam, a escravidão, a servidão e o
trabalho assalariado.
1. O Trabalho Escravo:
Modelo de organização produtiva relacionado às
relações de trabalho características da Antiguidade
Clássica e da América nos séculos XVI à XIX. Nessa
Relação de trabalho ocorre a "coisificação" do ser
humano, o homem transforma-se em objeto, perde sua
identidade e vira mercadoria. A escravidão geralmente
apresenta uma justificativa racista e etnocêntrica.
2. O Trabalho Servil:
Sistema de relações de trabalho predominantes
na Europa Medieval (V à XV), característico da sociedade
feudal. Na sua composição, o trabalhador que na origem é
livre, passa a tornar-se dependente de um senhor devido
às suas dívidas, gerando portanto a dependência. O servo
não pode ser vendido, emprestado ou negociado
separadamente da terra ao qual este vinculou-se. É
importante destacar, que o trabalho servil do ponto de
vista sociológico
3. O Trabalho Assalariado:
Esta relação de trabalho surge no contexto da
consolidação do capitalismo, durante a Revolução
Industrial e é caracterizada pela venda da força de
trabalho por parte do operário (leia-se proletariado) para o
capitalista , o dono dos meios de produção (leia-se
fábrica, as máquinas, equipamentos, os instrumentos, etc)
TEXTO COMPLEMENTAR
O TRABALHO COMO PROBLEMÁTICA
PARA A SOCIOLOGIA
A palavra trabalho vem do latim tripalium:
Tripalium era um instrumento feito de três paus
aguçados, algumas vezes ainda munidos de pontas de ferro, no
qual os agricultores bateriam o trigo, as espigas de milho, para
rasgá-los, esfiapá-los. A maioria dos dicionários, contudo,
registra tripalium apenas como instrumento de tortura, o que
teria sido originalmente, ou se tornado depois. A tripalium se
liga o verbo do latim vulgar tripaliare, que significa justamente
“torturar”.
Essa é uma faceta da realidade evocada no termo
trabalho, aquela que revela a dureza, a fadiga, a dificuldade,
irreversivelmente constitutivas da vida humana. Talvez por isso
não seja incomum encontrar no repertório simbólico de diversas
culturas tal percepção do trabalho como pena.
O único ser vivo capaz de agir além daquilo que seu
equipamento biológico permite de imediato é o homem. Ele não
é provido de asas e de estrutura óssea favorável ao vôo, mas
voa inventando um avião. Ele não está equipado para retirar
oxigênio diretamente da água, mas isso não o impede de descer
ao fundo dos mares, seja em submarinos, seja por intermédio
de equipamentos apropriados como tanques de oxigênio,
escafandros, máscaras, etc. Tudo isso indica que o homem é um
animal ímpar. Embora permanecendo animal, livra-se dos laços
que o prendem à natureza.
O trabalho é um fazer exclusivo do ser humano.
Determinado materialmente como corpo, como organismo, ele
é dotado de vida. E a vida humana suplantada a sua dimensão
biológica, corpórea, orgânica e deixa de ser somente fato para
ser também um valor.
Os gregos, dados às minúcias da intuição e aos
refinamentos da razão, deixaram reflexões argutas sobre a
questão do trabalho e parecem menos ingênuos do que os
contemporâneos. É freqüente encontrarmos, nos textos da
Grécia clássica, formulações em que aparecem o desprezo pelo
trabalho e o culto da única atividade digna do homem livre: o
ócio dos filósofos. Embora tais idéias expressem verdades, vale
a pena tomar conhecimento das reflexões de uma categorizada
autora contemporânea, Hannah Arendt (1897:94-5),
historiadora norte-americana de origem alemã:
“ Ao contrário do que ocorreu nos tempos modernos, a
instituição da escravidão na Antiguidade não foi uma forma do
obter mão-de-obra barata nem instrumento de exploração para
fins de lucro, mas sim a tentativa de excluir o labor das
condições da vida humana. Tudo o que os homens tinham em
comum com as outras formas de vida animal era considerado
inumano. (Essa era também, por sinal, a razão da teoria grega,
tão mal-interpretada, da natureza inumana do escravo.
Aristóteles, que sustentou tão explicitamente a sua teoria para
depois, no leito de morte, alforriar seus escravos, talvez não
fosse tão incoerente como tendem a pensar os modernos. Não
negava que os escravos pudessem ser humanos; negava somente
o emprego da palavra homem para designar membros da
espécie humana totalmente sujeitos à necessidade) E a verdade
é que o emprego da palavra animal no conceito de animal
laborans, ao contrário do outro uso, muito discutível, da mesma
palavra na expressão animal rationale, é inteiramente
justificado. O animal laborans é, realmente, apenas uma das
espécies animais que vivem na Terra – na melhor das hipóteses
a mais desenvolvida.”
FAÇO IMPACTO – A CERTEZA DE VENCER!!!
Fale conosco www.portalimpacto.com.br
VESTIBULAR – 2009
Percebe-se que, para os antigos gregos, não estava a
adesão irrefletida à escravidão e uma rejeição do trabalho
como algo indigno em si mesmo. A se crer nas advertências de
Hannah Arendt, eles produziram tal interpretação da realidade
humana do trabalho que o problema da tensão entre liberdade
da razão e a necessidade do labor se exprimia na contradição
entre o animal laborans e o animal rationale.
A justificativa da escravidão, feita por Aristóteles em sua
Política, mais que exprimir a apologia da ascendência de um
homem sobre outro, de um homem que se apropria de outro
para explorá-lo, para auferir lucro, aponta a percepção de uma
contradição que perpassa todas as dimensões da vida humana e
que, no caso do trabalho, apresenta-se sempre como um desafio
entre liberdade e necessidade.
Os historiadores modernos, assumindo muitas vezes
acriticamente os reparos e as acusações que os renascentistas
faziam à Idade Média, generalizaram a concepção de que foi um
período de trevas. Com tal afirmação queriam indicar que, entre
os séculos V e XV, o pensamento na Europa ficou enclausurado
pela necessidade que a Igreja tinha de submeter o conhecimento
à fé, de modo que o uso do argumento de autoridade
generalizou-se, impedindo que se pensasse em direção nãoautorizada
por essa mesma fé.
O trabalho, que durante a antiguidade grega se realizava
sob forma geral da escravidão, assume, na Idade Média, a
forma geral da servidão. A queda do Império Romano provocou
mudanças na vida das cidades, com o conseqüente
enfeudamento. Por toda a Europa desenvolveu-se uma
sociedade onde contingentes populacionais punham-se sob a
proteção de senhores da terra prestando-lhes homenagem
(promessa de fidelidade do vasslo ao senhor feudal). As
condições gerais dos exercício da atividade produtiva eram,
portanto, análogas, isto é, sob certos aspectos, semelhantes às
da Antiguidade grega.
Do ponto de vista intelectual, o panorama medieval foi
dominado pelas duas sínteses filosóficas das verdades cristãs
elaboradas por Santo Agostinho, no século V, e por Santo
Tomás de Aquino, no século XIII. Essas sínteses traduziam o
credo cristão utilizando as referências filosóficas dos gregos,
respectivamente Platão e Aristóteles. Elas influenciaram as
reflexões sobre o homem, incluindo aquelas sobre o fazer
humano, sobre o trabalho.
Durante a Antiguidade grega a preocupação de reafirmar a
liberdade do homem no âmbito da necessidade levou a uma
visão do trabalho que o considerava indigno e servil, à medida
que atava o homem ao reino da necessidade.
Na idade Média permanece a influência teórica de Platão e
Aristóteles e, por isso o problema é pensado mais ou menos nos
mesmos termos, mas já com uma diferença marcante.
Santo Tomás de Aquino considera o trabalho um bem.
Um bem árduo, mas um bem. Tanto que o papa João Paulo II
utiliza o texto do teólogo medieval como fonte de inspiração para
fazer uma veemente e explícita afirmação da intrínseca
dignidade do trabalho humano.
Com o fim da Idade Média, irrompeu o Renascimento.
Esse complexo movimento de natureza filosófica, científica e
artístico-cultural, ocorrido nos séculos XV e XVI, revolucionou a
Europa medieval e lançou as bases de uma nova concepção do
trabalho. Inaugurou uma era de inversão das concepções sobre
o trabalho humano que chegou ao auge nas proposições de
glorificação do trabalho próprias da modernidade.
ANOTAÇÕES:________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Exercícios
01. (J.Rendeiro) "O trabalho deve ser identificado como uma
realização humana, capaz de proporcionar ao homem o que ele
necessita" Émille Durkheim
Sobre o conceito de trabalho está correto afirmar que:
a) É a possibilidade do indivíduo proporcionar riqueza apenas
com sua criatividade pessoal.
b) É um meio através do qual o ser humano relaciona-se com a
natureza e com a tecnologia para produzir riqueza.
c) É a possibilidade de desenvolvimento de uma determinada
civilização a partir do desempenho laborial do ser humano.
d) É a capacidade do ser humano de diferenciar o que é um
fenômeno social de um fenômeno natural
e) É tudo o que pode ser transformado em riqueza financeira,
para desenvolver qualquer atividade econômica.
02. (FUVEST) Quanto a servidão na Idade Média, marque a
alternativa que assinala as afirmativas corretas:
I. O servo assemelha-se ao escravo na medida em que pode ser
comercializado livremente, transformando-se em coisa.
II. A servidão está relacionado ao trabalho do camponês livre,
que vende sua força de trabalho em troca de uma remuneração
que ocorre in natura.
III. O servo tem sua origem relacionado ao trabalhador livre que
com o acúmulo das dívidas fica preso a terra e dependente do
senhor feudal.
Estão corretas:
a) apenas a I d) apenas a II e III
b) apenas a II e) todas as afirmativas
c) apenas a III
03. (UNICAMP) O trabalho do proletário está diretamente
relacionado ao trabalho assalariado, durante o processo de
urbanização e industrialização a partir do século XVIII. Sobre o
tema, está correto:
a) O trabalho assalariado está diretamente relacionado ao
mundo liberal e descentralizado politicamente característicos da
modernidade.
b) O trabalho do proletário caracteriza-se pela venda da força de
trabalho, sua propriedade, ao capitalista.
c) O proletariado consegue reunir em torno de sí, no trabalho
assalariado o que ele necessita para garantir sua sobrevivência.
d) O capitalista, dono dos meios de produção, paga ao
proletariado o que ele merece pela dedicação ao trabalho regular
e) Na relação capitalista, o trabalhador, detentor dos meios de
produção, vende a sua força de trabalho para o capitalista.
04. (UFU) Marque a alternativa que consta as afirmativas
corretas:
I. A servidão é a relação de trabalho característica da
antiguidade, marcada pela submissão do trabalhador à terra.
II. A escravidão caracterizou-se como a forma de exploração da
força de trabalho do ser humano, justificado geralmente por um
discurso racista.
III. O trabalho assalariado é caracterizado pela remuneração
regular do trabalhador, pela venda de sua força de trabalho
a) I
b) I e II
c) II e III
d) II
e) III
Qualquer organização social, desde os primórdios,
apresenta uma estruturação social definida, assim como,
uma relação de trabalho predominante. Assim, pensar
historicamente a questão do trabalho é pensar como a
atividade humana se desenvolveu e se organizou em
diferentes sociedades. Antes de analisarmos algumas
situações e formas de trabalho, é necessário que se
responda à algumas perguntas: Para que existe o
trabalho? e quem " inventou" o trabalho?
A primeira questão,
poder-se-ia responder,
afirmando, que o trabalho é a
maneira como o homem se
relaciona com a natureza,
produzindo a partir daí algum
tipo de riqueza. Podemos
afirmar o mais genericamente
possível, que o trabalho existe
para satisfazer as necessidades
humanas, desde as mais simples, como as de alimento e
abrigo, até as mais complexas como as de lazer e de
crença; enfim, necessidade físicas e espirituais. Ainda, o
trabalho é uma criação do ser humano para atender suas
contingências mais amplas. De maneira geral, podemos
afirmar que existem três paradigmas historicamente
construídos, quais sejam, a escravidão, a servidão e o
trabalho assalariado.
1. O Trabalho Escravo:
Modelo de organização produtiva relacionado às
relações de trabalho características da Antiguidade
Clássica e da América nos séculos XVI à XIX. Nessa
Relação de trabalho ocorre a "coisificação" do ser
humano, o homem transforma-se em objeto, perde sua
identidade e vira mercadoria. A escravidão geralmente
apresenta uma justificativa racista e etnocêntrica.
2. O Trabalho Servil:
Sistema de relações de trabalho predominantes
na Europa Medieval (V à XV), característico da sociedade
feudal. Na sua composição, o trabalhador que na origem é
livre, passa a tornar-se dependente de um senhor devido
às suas dívidas, gerando portanto a dependência. O servo
não pode ser vendido, emprestado ou negociado
separadamente da terra ao qual este vinculou-se. É
importante destacar, que o trabalho servil do ponto de
vista sociológico
3. O Trabalho Assalariado:
Esta relação de trabalho surge no contexto da
consolidação do capitalismo, durante a Revolução
Industrial e é caracterizada pela venda da força de
trabalho por parte do operário (leia-se proletariado) para o
capitalista , o dono dos meios de produção (leia-se
fábrica, as máquinas, equipamentos, os instrumentos, etc)
TEXTO COMPLEMENTAR
O TRABALHO COMO PROBLEMÁTICA
PARA A SOCIOLOGIA
A palavra trabalho vem do latim tripalium:
Tripalium era um instrumento feito de três paus
aguçados, algumas vezes ainda munidos de pontas de ferro, no
qual os agricultores bateriam o trigo, as espigas de milho, para
rasgá-los, esfiapá-los. A maioria dos dicionários, contudo,
registra tripalium apenas como instrumento de tortura, o que
teria sido originalmente, ou se tornado depois. A tripalium se
liga o verbo do latim vulgar tripaliare, que significa justamente
“torturar”.
Essa é uma faceta da realidade evocada no termo
trabalho, aquela que revela a dureza, a fadiga, a dificuldade,
irreversivelmente constitutivas da vida humana. Talvez por isso
não seja incomum encontrar no repertório simbólico de diversas
culturas tal percepção do trabalho como pena.
O único ser vivo capaz de agir além daquilo que seu
equipamento biológico permite de imediato é o homem. Ele não
é provido de asas e de estrutura óssea favorável ao vôo, mas
voa inventando um avião. Ele não está equipado para retirar
oxigênio diretamente da água, mas isso não o impede de descer
ao fundo dos mares, seja em submarinos, seja por intermédio
de equipamentos apropriados como tanques de oxigênio,
escafandros, máscaras, etc. Tudo isso indica que o homem é um
animal ímpar. Embora permanecendo animal, livra-se dos laços
que o prendem à natureza.
O trabalho é um fazer exclusivo do ser humano.
Determinado materialmente como corpo, como organismo, ele
é dotado de vida. E a vida humana suplantada a sua dimensão
biológica, corpórea, orgânica e deixa de ser somente fato para
ser também um valor.
Os gregos, dados às minúcias da intuição e aos
refinamentos da razão, deixaram reflexões argutas sobre a
questão do trabalho e parecem menos ingênuos do que os
contemporâneos. É freqüente encontrarmos, nos textos da
Grécia clássica, formulações em que aparecem o desprezo pelo
trabalho e o culto da única atividade digna do homem livre: o
ócio dos filósofos. Embora tais idéias expressem verdades, vale
a pena tomar conhecimento das reflexões de uma categorizada
autora contemporânea, Hannah Arendt (1897:94-5),
historiadora norte-americana de origem alemã:
“ Ao contrário do que ocorreu nos tempos modernos, a
instituição da escravidão na Antiguidade não foi uma forma do
obter mão-de-obra barata nem instrumento de exploração para
fins de lucro, mas sim a tentativa de excluir o labor das
condições da vida humana. Tudo o que os homens tinham em
comum com as outras formas de vida animal era considerado
inumano. (Essa era também, por sinal, a razão da teoria grega,
tão mal-interpretada, da natureza inumana do escravo.
Aristóteles, que sustentou tão explicitamente a sua teoria para
depois, no leito de morte, alforriar seus escravos, talvez não
fosse tão incoerente como tendem a pensar os modernos. Não
negava que os escravos pudessem ser humanos; negava somente
o emprego da palavra homem para designar membros da
espécie humana totalmente sujeitos à necessidade) E a verdade
é que o emprego da palavra animal no conceito de animal
laborans, ao contrário do outro uso, muito discutível, da mesma
palavra na expressão animal rationale, é inteiramente
justificado. O animal laborans é, realmente, apenas uma das
espécies animais que vivem na Terra – na melhor das hipóteses
a mais desenvolvida.”
FAÇO IMPACTO – A CERTEZA DE VENCER!!!
Fale conosco www.portalimpacto.com.br
VESTIBULAR – 2009
Percebe-se que, para os antigos gregos, não estava a
adesão irrefletida à escravidão e uma rejeição do trabalho
como algo indigno em si mesmo. A se crer nas advertências de
Hannah Arendt, eles produziram tal interpretação da realidade
humana do trabalho que o problema da tensão entre liberdade
da razão e a necessidade do labor se exprimia na contradição
entre o animal laborans e o animal rationale.
A justificativa da escravidão, feita por Aristóteles em sua
Política, mais que exprimir a apologia da ascendência de um
homem sobre outro, de um homem que se apropria de outro
para explorá-lo, para auferir lucro, aponta a percepção de uma
contradição que perpassa todas as dimensões da vida humana e
que, no caso do trabalho, apresenta-se sempre como um desafio
entre liberdade e necessidade.
Os historiadores modernos, assumindo muitas vezes
acriticamente os reparos e as acusações que os renascentistas
faziam à Idade Média, generalizaram a concepção de que foi um
período de trevas. Com tal afirmação queriam indicar que, entre
os séculos V e XV, o pensamento na Europa ficou enclausurado
pela necessidade que a Igreja tinha de submeter o conhecimento
à fé, de modo que o uso do argumento de autoridade
generalizou-se, impedindo que se pensasse em direção nãoautorizada
por essa mesma fé.
O trabalho, que durante a antiguidade grega se realizava
sob forma geral da escravidão, assume, na Idade Média, a
forma geral da servidão. A queda do Império Romano provocou
mudanças na vida das cidades, com o conseqüente
enfeudamento. Por toda a Europa desenvolveu-se uma
sociedade onde contingentes populacionais punham-se sob a
proteção de senhores da terra prestando-lhes homenagem
(promessa de fidelidade do vasslo ao senhor feudal). As
condições gerais dos exercício da atividade produtiva eram,
portanto, análogas, isto é, sob certos aspectos, semelhantes às
da Antiguidade grega.
Do ponto de vista intelectual, o panorama medieval foi
dominado pelas duas sínteses filosóficas das verdades cristãs
elaboradas por Santo Agostinho, no século V, e por Santo
Tomás de Aquino, no século XIII. Essas sínteses traduziam o
credo cristão utilizando as referências filosóficas dos gregos,
respectivamente Platão e Aristóteles. Elas influenciaram as
reflexões sobre o homem, incluindo aquelas sobre o fazer
humano, sobre o trabalho.
Durante a Antiguidade grega a preocupação de reafirmar a
liberdade do homem no âmbito da necessidade levou a uma
visão do trabalho que o considerava indigno e servil, à medida
que atava o homem ao reino da necessidade.
Na idade Média permanece a influência teórica de Platão e
Aristóteles e, por isso o problema é pensado mais ou menos nos
mesmos termos, mas já com uma diferença marcante.
Santo Tomás de Aquino considera o trabalho um bem.
Um bem árduo, mas um bem. Tanto que o papa João Paulo II
utiliza o texto do teólogo medieval como fonte de inspiração para
fazer uma veemente e explícita afirmação da intrínseca
dignidade do trabalho humano.
Com o fim da Idade Média, irrompeu o Renascimento.
Esse complexo movimento de natureza filosófica, científica e
artístico-cultural, ocorrido nos séculos XV e XVI, revolucionou a
Europa medieval e lançou as bases de uma nova concepção do
trabalho. Inaugurou uma era de inversão das concepções sobre
o trabalho humano que chegou ao auge nas proposições de
glorificação do trabalho próprias da modernidade.
ANOTAÇÕES:________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Exercícios
01. (J.Rendeiro) "O trabalho deve ser identificado como uma
realização humana, capaz de proporcionar ao homem o que ele
necessita" Émille Durkheim
Sobre o conceito de trabalho está correto afirmar que:
a) É a possibilidade do indivíduo proporcionar riqueza apenas
com sua criatividade pessoal.
b) É um meio através do qual o ser humano relaciona-se com a
natureza e com a tecnologia para produzir riqueza.
c) É a possibilidade de desenvolvimento de uma determinada
civilização a partir do desempenho laborial do ser humano.
d) É a capacidade do ser humano de diferenciar o que é um
fenômeno social de um fenômeno natural
e) É tudo o que pode ser transformado em riqueza financeira,
para desenvolver qualquer atividade econômica.
02. (FUVEST) Quanto a servidão na Idade Média, marque a
alternativa que assinala as afirmativas corretas:
I. O servo assemelha-se ao escravo na medida em que pode ser
comercializado livremente, transformando-se em coisa.
II. A servidão está relacionado ao trabalho do camponês livre,
que vende sua força de trabalho em troca de uma remuneração
que ocorre in natura.
III. O servo tem sua origem relacionado ao trabalhador livre que
com o acúmulo das dívidas fica preso a terra e dependente do
senhor feudal.
Estão corretas:
a) apenas a I d) apenas a II e III
b) apenas a II e) todas as afirmativas
c) apenas a III
03. (UNICAMP) O trabalho do proletário está diretamente
relacionado ao trabalho assalariado, durante o processo de
urbanização e industrialização a partir do século XVIII. Sobre o
tema, está correto:
a) O trabalho assalariado está diretamente relacionado ao
mundo liberal e descentralizado politicamente característicos da
modernidade.
b) O trabalho do proletário caracteriza-se pela venda da força de
trabalho, sua propriedade, ao capitalista.
c) O proletariado consegue reunir em torno de sí, no trabalho
assalariado o que ele necessita para garantir sua sobrevivência.
d) O capitalista, dono dos meios de produção, paga ao
proletariado o que ele merece pela dedicação ao trabalho regular
e) Na relação capitalista, o trabalhador, detentor dos meios de
produção, vende a sua força de trabalho para o capitalista.
04. (UFU) Marque a alternativa que consta as afirmativas
corretas:
I. A servidão é a relação de trabalho característica da
antiguidade, marcada pela submissão do trabalhador à terra.
II. A escravidão caracterizou-se como a forma de exploração da
força de trabalho do ser humano, justificado geralmente por um
discurso racista.
III. O trabalho assalariado é caracterizado pela remuneração
regular do trabalhador, pela venda de sua força de trabalho
a) I
b) I e II
c) II e III
d) II
e) III
21 comentários:
O trabalho pode dizer que é a forma de apresentar as capacidades físicas e intelectuais...
O trabalho apesar de não ser a melhor coisa para alguns é uma forma de levar o homem ao crescimento pessoal,procurar expandidir seus connhecimentos e fazer com que pessoas fossem notadas na sociedade.
O trabalho em si tem como objetiva do homem obter bens materiais e o seu desenvolvimento pessoal.
O trabalho sofreu modificações assim como a sociedade ao longo dos anos, Cada trabalho e sua forma foi modificada ao tempo e à medida com a qual a sociedade foi evoluindo.. como antes temos o exemplo da escravidão e hoje, o trabalho formal.
3°M5
Ao longo da história o trabalho sempre teve o seu luga de destaque na sociedade,mas as diversas formas de como ele pode ser exercido teve modificações.O trabalho escravo que era exercido sob compulsão praticamente acabou ,hoje com o assalariado não mostra que é melhor do que o outro mas vem melhorando muito ao longo dos anos.
O trabalho em si, envolve constantes de atração entre conhecimento e aprendizagem. É a capacidade de eclodir, e/ou evoluir, a eficácia; o auto-ampliar de essências. Concede ênfase ao que abrange apenas os seres humanos: A racionalidade. Fixado ao TEMPO, fora marcado por superioridade desigual; onde Homens aglomeraram receios de suas próprias ferramentas... Porque por elas, muitas vezes, foram torturados. Espera-se então, HOJE, coerência entre conhecer e mandar; respeito à criação da criatura.
3ºM3 - Paula R.
com o trabalho o homem pode desenvolver novas habilidades,trazendo a tona sua inteligencia e capacidade de fazer coisas que nem sabia que poderia fazer ou aprender.
O trabalho desenvolveu-se juntamente com as mudanças da sociedade.Primeiro o trabalho escravo,onde o ser foi “coisificado”;depois o trabalho servil,ainda imaturo por trocar trabalho por proteção,alimentação,coisas fundamentais para se viver;e com o capitalismo o trabalho tornou-se assalariado.
Após 121 anos do fim da escravidão,ainda é possível encontrar formas de trabalho super exploradoras. Não falo de formas de trabalho mais pesadas,menos remuneradas(até porque a sociedade precisa de todos,desde um engenheiro que faz uma planta a um pedreiro que Põe a mão na massa),falo de quase trabalho escravo.
Mas o que significa trabalho para nós hoje?Depende da visão e cultura de cada um.
Têm pessoas que trabalham “ como escravos”, odeiam o que fazem,o fazem por não ter outro jeito,o trabalho vira um castigo;outras trabalham “como servos”,exercem uma função para ter o básico,fazem para viver (comer,vestir...),ou até mesmo para servir a um padrão de consumo,comprar,comprar e comprar.
Se o trabalho surgiu com a necessidade de modificar a natureza para gerar riquezas e a sobrevivência,que façamos aquilo que gostamos e o façamos corretamente.
(Ana Carolinny Borges 3M4)
O Trabalhoo tem seus pontoos positivos como negativos.E atraves do trabalhoo q iremos conseguir conquistar as coisas! Termos condiçoes melhores de vida. Darmos uma vida melhor pra nossas familias. So que o exagero no trabalho causa doenças como: Estresses...
E o trabalho na juventude atrapalha o enpenho na escola.
Ingrid Britto- 3°M-04
o trabalho em si sempre teve uma grande importancia porem com o passa do tempo ele foi sando modificado.lorena danicolo 3ºm06
O trabalho exisiti para fazer as necessidades humanas.com o trabalho adquirimos mais experiencias,conseguimos bens materias,alimentos,moradia,roupas e etc...
3°M03
Ao passar dos anos o trabalho foi melhorando, sempre tendo papel fundamental na sociedade. O trabalho escravo (realizados muitas vezes com negros, crianças, idosos e mulheres) passou a ser assalariado (onde o trabalhador passa a receber pelo que faz) e os meios de exploração foram diminuindo (deixando para traz a exploração de pessoas com idade menor de 16 anos).
o trabalho passou por uma evolução,tanto servil,salarial ou escravo,cada um com sua funçao destinado a um grupo determinado.até chegar no mundo "capitalista"(maioria),em que o trabalho e o acumulo de riquezas virou um patamar na sociedade em que o ser tem que trabalhar ou fazer os outros trabalharem a qualquer custo.
o trabalho passou por uma evolução,tanto servil,salarial ou escravo,cada um com sua funçao destinado a um grupo determinado.até chegar no mundo "capitalista"(maioria),em que o trabalho e o acumulo de riquezas virou um patamar na sociedade em que o ser tem que trabalhar ou fazer os outros trabalharem a qualquer custo.
ass: wedson(o centario de cima é meu ta...é q foi no longin do meu blog)
o trabalho é uma forma de manejo do acumulo de bens,que cada grupo efetuou de modo diferente....uns como fonte de emprego e outros como fonte de exploração...
ass:tathyane perini 3m2
Não confundam trabalho com "emprego". Trabalho deve ser entendido em seu caráter social, como o texto aborda as diferentes formas de trabalho dominantes em diferentes sociedades. Nos casos citados, todas sociedades de classes, onde há a divisão social do trabalho e a formação de classes sociais. O emprego é como nós pensamos a nossa inserção na sociedade a fim de obter uma renda para sobreviver. Tem um caráter analítico mais individual.
Mas o fundamental do texto é mostrar a historicidade das sociedades, das formas de trabalho e mostrar que o trabalho assalariado não é o fim da história. Em potencial existe, por exemplo, o trabalho coletivo, onde todos trabalhariam para suprir as necessidades humanas, sem divisão em classes sociais...
eu queria as respostas das questões
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